Restaurante Zé da Calçada

Quem me conhece bem sabe que um dos valores que mais prezo é a amizade.

E tenho a sorte de ter alguns bons amigos na minha área de trabalho, seja entre os mais velhos, com quem aprendi e continuo a aprender, seja com os amigos da minha geração, com quem troco ideias e experiências e com quem partilho a mesa sempre que posso, e mesmo entre os mais novos, a quem vou transmitindo a minha experiência e algum conhecimento. Mas há sempre pessoas especiais, com quem tenho uma relação estreita de amizade e por quem tenho grande respeito e admiração, sem haver uma explicação para tal, apenas porque sim, vem cá de dentro do coração. Hoje falo de uma dessas pessoas, a minha querida amiga Lúcia, de Amarante. É uma mulher de coração cheio, dedicada, grande profissional, daquelas pessoas que vive a vida com paixão e que se aplica a fundo naquilo que faz e que gosta, que é cozinhar. Exatamente como eu.

O seu restaurante “Zé da Calçada” há muito tempo que é uma das referencias de Amarante, praticando uma cozinha tradicional e regional fantástica, baseada nos produtos genuínos de que tanto gosto. Quando nos sentamos a mesa fica logo farta… é a punheta de bacalhau, o feijão frade com bolinhos de bacalhau, o bacalhau com grão e ovo cozido, o salpicão e o presunto caseiro, a orelheira, os mexilhões com cebola, as moelinhas, o pastelão com salsa e cebola, os queijinhos fatiados, os rojõezinhos e tantos outros petiscos a que não resisto. Nos pratos principais são famosos os filetes de polvo com migas, o bacalhau à Zé da Calçada, de postas enormes e bem demolhadas – é um dos melhores bacalhaus que conheço! Mas as carnes são rainhas, desde a posta de vitela fatiada, à vitela assada no forno, passando pelo cabritinho assado no forno, os rojões e de vez em quando um monumental cozido à portuguesa!

O carrinho de doces é uma provocação!!! Os doces tradicionais de Amarante, as trouxas de ovos, o pão-de-ló e os melhores folhadinhos com ovos moles que eu conheço. Tudo isto é apreciado numa das salas com decoração antiga e muito bonita, mas principalmente naquele fantástico terraço, enorme, protegido por grandes toldos, mesmo por cima do rio Tâmega, num ambiente tranquilo, de grande beleza. Adoro ir ali, adoro a comida, a paisagem, mas estou sempre ansioso que o trabalho acalme para poder ter a Lúcia sentada à minha mesa só para mim. Colocamos a conversa em dia e falamos daquilo que gostamos. A Lúcia é daquelas amigas com quem me entendo muito bem, falamos a mesma linguagem, temos os mesmos gostos. Mas aprendo sempre alguma coisa com ela, venho de lá enriquecido e, claro, com a barriga cheia. Mal entro no carro, já só penso quando é que volto a Amarante… Num próximo texto, prometo relatar também as minhas recentes experiencias do seu novo projeto, o restaurante “Pobre Tolo”. Fica muito próximo do restaurante “Zé da Calçada”, mais ou menos a 200 metros e com vistas para o rio Tâmega.