Restaurante Brasão
O Brasão, um refúgio da boa cozinha tradicional…
Quem me conhece sabe que eu adoro andar por aí, sempre que posso, tento descobrir novos locais para conhecer. Gosto muito de comer bem, acima de tudo petiscos e pratos da nossa cozinha tradicional. O ponto mais alto é sempre o regresso a casa de meus pais, em Alfândega da Fé, onde ainda sou tratado com os miminhos que me levam de volta à minha infância. É desta maneira que tenho vindo a descobrir locais mesmo muito bons, um pouco por todo o país, onde regresso sempre que posso. Mas também regresso àqueles locais que conheço há mais tempo e onde tenho feito amizade com os proprietários e cozinheiros que os dirigem. Nesses sou tratado como se estivesse em casa. E foi um desses locais que visitei uma vez mais, recentemente, e onde mais uma vez fui recebido como família: o restaurante Brasão, em Felgueiras. O proprietário, Sr. Carvalho, recebe-me sempre de abraço fraterno. Sentado à mesa, o Sr. Carvalho disse logo que tomava conta de mim, e lá foi ele para a cozinha!! De imediato apareceu na mesa pão e broa de milho, presunto e salpicão muito bons, assim como uma garrafa de um bom Vinho Verde. De vez em quando o Sr. Carvalho vinha dar uma espreitadela e informar que já não demorava.
E, não demorou a pousar na mesa uma soberba sopa de garoupa, um verdadeiro monumento ao bom gosto. E que bem que cheirava, uma maravilha. Bem quente, apaladada, comeu-se em silêncio, para apreciar tudo, até ao fim. Terminada a sopa, o Sr. Carvalho, que não parava dum lado para o outro, até porque havia mais clientes para atender, disse com aquele sorriso aberto e franco: “Oh! chefe, dá gosto vê-lo comer!” E desde logo mandou levantar os pratos e colocar novos apetrechos enquanto avisava: “Já vem aí a carninha!” E que “carninha”, meus amigos!! Numa enorme tábua, apresentou-se um naco da costela de vitela, com aquela capa de gordura grossa bem tostada, trabalhada no ponto certo. Com sabedoria, retirou a capa de gordura e fatiou a carne, deixando no entanto alguma gordura para manter a humidade e dar paladar, serviu umas batatinhas fritas às rodelas estaladiças, uns grelos salteados carnudos, bem temperados e um feijãozinho preto cremosos e muito saboroso. E, já com o prato à minha frente, lá veio novamente o Sr. Carvalho com o enorme tacho, servir umas colheradas do seu arroz de forno…que não consigo descrever. Incrível!! Comemos, repetimos e desistimos, já não podíamos mais, e ainda faltava a sobremesa. Uma sobremesa que tem tanto de simples como de fantástico, uma perfeição: bolo de cenoura, fofinho, muito equilibrado, saboroso, provocador, ainda morno, irresistível!! Para acompanhar, uma aguardente velha “Ponte de Amarante”, da sua coleção privada, ligeiramente refrescada, estávamos no céu!! Repetimos uma e outra, bolo de cenoura e aguardente e, já no café, estivemos à conversa com o nosso anfitrião, perdendo a noção do tempo, não apetecia sair…
Obrigado amigo Carvalho, é sempre um prazer fazer-lhe uma visita.