Adega Regional Rita

Quem me conhece sabe que um dos pratos pelo qual sou capaz de fazer muitos quilómetros é o Galo de Cabidela! Não é frango, é mesmo galo, daqueles a sério. E já percorri muitas centenas de quilómetros para comer grandes confecções deste prato tão tradicional. E por isso achava difícil poder encontrar mais um que me encantasse. Até recentemente ter sido encaminhado por um amigo, para a “Adega Regional Rita”, que fica em Figueiró, já no concelho de Amarante, mas muito perto do Alto da Lixa.

A casa foi fundada pelo Sr. Armando Silva, e Rita era apenas uma alcunha. Agora a neta do fundador chama-se mesmo Rita e os actuais proprietários são os filhos do fundador, a D. Rosa Teixeira, que comanda a cozinha com aquela sabedoria que vem dos antepassados ajudada por umas mãos que fazem verdadeira magia, e o seu irmão José Augusto, que nos recebe e nos faz sentir como se estivéssemos em casa, irradiando simpatia e bom gosto. O espaço vem sendo melhorado, porque a clientela não pára de aumentar, tal a fama da qualidade do que ali se come. Com toda a razão! Lá fui eu, em busca duma cabidela que nos asseguram ser divinal. Na autoestrada A4 sai-se na saída que dá para Marco de Canaveses/Felgueiras em direção a Felgueiras e sai-se logo na primeira saída que diz Caíde de Rei. Toma-se a direção de Lixa/Amarante. Uns bons 10 quilómetros à frente vira-se à direita para Água Nova e mais à frente, estando atentos, logo nos aparece a Adega Rita, que por ali toda a gente conhece.

A reserva foi feita com tempo, pois os galos são normalmente mortos no próprio dia e têm que ser encomendados aos vários criadores ali à volta, que garantem a qualidade da matéria prima. Sentados à mesa na simpática esplanada, fomos logo agraciados pelo Sr. José Augusto com broa de milho, pão de Padronelo e as semias de Amarante, aquela bolinhas de trigo estaladiças que depois de cozidas em forno a lenha vêm agarradas umas às outras (confesso que sou apaixonado e já não as encontrava há algum tempo), que fizeram companhia a umas rodelas de salpicão e taliscas generosas de óptimo presunto. Para começar provamos um vinho verde bem fresquinho. Depois para as canecas vieram vários tipos de vinho verde tinto, todos muitos bons, alguns deles de produtores particulares, por isso sem rótulo, e um Pascoaes de estalo, um vinho mesmo muito bom, que nos acompanhou até ao fim da refeição. Lá dentro a D. Rosa comandava as operações, os aromas que vinham da cozinha eram tentadores, até que o Sr. José Augusto pousou na mesa um enorme tacho, a fumegar, de fazer arregalar os olhos. E o cheirinho, meus amigos, o cheirinho?! Com a sabedoria de quem faz aquilo há muitos anos e o faz por gosto, o Sr. José Augusto deu uma mexidela ao arroz e mostrou-nos duas coisas que já não via há muito tempo numa cabidela: a crista e os testículos do galo, um verdadeiro macho. Depois de todos nos servirmos, fez-se silêncio, era necessária alguma concentração para atacar este pitéu. E que pitéu!! O arroz de muito boa qualidade, caldoso, que se manteve assim até ao fim, o vinagre no ponto e a carne do bicho, rijinha, escura, com uma textura fantástica, saborosa, a ligar na perfeição com o arroz, é difícil descrever tanta qualidade. E o tacho ficou mesmo vazio…

Mais uma caneca de vinho e veio outra surpresa, uma rabanada com mel, de confecção perfeita e que ali se serve durante todo o ano. Que belo final para uma refeição à maneira antiga. Mas, atenção que a casa fecha à terça-feira da parte de tarde e nas duas primeiras semanas de Setembro há que dar descanso ao corpo e fazer umas merecidas férias.
Na terceira semana de Setembro já lá podemos ir! 

É o que eu vou fazer, até já me cresce água a boca!!

Marco Gomes