O bacalhau do Uiscas
Cada vez mais os apreciadores de boa comida saem pela estrada fora em busca do que é bom. Também é o meu caso. Foi assim que rumei a Stº. Tirso, apanhei a estrada que faz a ligação a Guimarães e mais à frente, por volta de Rebordões, virei à direita e subi para Roriz. Apesar da grande concentração têxtil, a ruralidade continua a dominar a paisagem. Mais acima, do lado esquerdo, a tranquilidade e beleza do Mosteiro de Singeverga deixa-nos com vontade de continuar, pensando na velha máxima “comer como um abade!”. Por isso fui à procura de uma casa de comidas chamada Uiscas, que é bem perto do mosteiro, difícil de encontrar para quem não conhece. Local tranquilo, simples, com mesas e bancos corridos e a cozinha ali à vista com as cozinheiras sempre atarefadas, à maneira antiga. Os aromas eram muito convidativos e o proprietário duma simpatia contagiante, também a guiar-nos pela viagem gastronómica, que ali é coisa séria.
Enquanto debicávamos um pão muito bom, já saltava a rolha à primeira garrafa de vinho verde branco sem rótulo, intenso e saboroso. Depois veio o bacalhau, posta descomunal daquelas que vão dum lado ao outro do peixe, grelhada na brasa sem pressas, colocada em terrina de barro quase a boiar em azeite, muito alho, rodelas generosas de cebola e ovo cozido, e as batatas cozidas a cheirar a terra, um pitéu fantástico. Para mim, é um dos três melhores bacalhaus na brasa da actualidade. Vencida a batalha com o fiel amigo, fomos informados que ainda não tinha acabado… Veio então uma travessa com cozido à portuguesa “para provar”, nas palavras do proprietário. E lá provamos um cozido feito com óptimas carnes, a sério, frescas e fumadas e de galinha velha que até rescindia! À parte um arroz sequinho delicioso. Foram-se duas garrafas do tal branco atrevido.
O mosteiro de Singeverga foi o local escolhido para um passeio retemperador enquanto se apreciava toda aquela beleza.
Ao Uiscas, voltarei sempre que possa!