Comida de Subsistência e a atualidade
Quando iniciei este blog não fazia ideia do impacto que este assunto poderia ter na vida das pessoas! Uma ideia de frugalidade e contenção não parecia adequada ao movimento de consumo de comidas cada vez mais exóticas e diferentes.
A Comida de Subsistência, comida cultivada ou recolhida no território e com características de sabor e técnicas muito próprias dessa região não parece muito excitante ao início. É uma culinária simples, composta pela adição de produtos locais utilizando utensílios e técnicas antigas e refinadas ao longo do tempo. A sua base é experimental, o que significa que é muito importante conhecer e estudar os nossos antepassados, desta forma podemos contribuir com variações, mas sem a descontextualizar. A nova oferta gastronómica é em alternativa mais explosiva, inovadora e em constante atualização.
A pandemia de COVID-19 parece ter trazido uma dose de realidade ao nosso panorama social. A possibilidade de uma paralisação prolongada que crie um problema alimentar grave. Esse problema poderá levar à procura de soluções alimentares locais e próximas no território. Nos locais onde há poucas décadas atrás as pessoas vivam da terra e do território e daquilo que ele proporcionava. Uma alimentação frugal e poupada para garantir alimento os 12 meses do ano.
Neste momento olhamos para a comida com outros olhos. Poupar? Consumir? E obviamente, não desperdiçar. Olhar para o alimento como uma dádiva e uma lembrança que necessitamos dele diariamente. Esta mudança, por mais insignificante que pareça, poderá ser o início da mudança do paradigma atual de consumo exacerbado e pouco consciente. O regresso às origens, valorizar o produto, o agricultor e o que é Português.
Os nossos antepassados viviam por sua conta e risco, atravessando épocas de fartura e outras de sacrifício. Habituaram-se a ser resilientes e a enfrentar os desafios recorrendo à natureza e aos seus recursos. A busca pelo alimento ocupava uma parte da vida do ser humano. Na nossa sociedade atual é algo de garantido. O risco parecia mitigado até aparecer um “vírus”.