Olha a sardinha… vivinha!

Gosto delas assadas no ponto, ainda húmidas, para comer à mão, deixando apenas a cabeça e a espinha. Acompanham com batatas cozidas regadas com um fio de azeite, e a salada de pimentos assados, também tão tradicional. Mas o que gosto mesmo é da sardinha a pingar de gordura, em cima de uma boa fatia de pão transmontano (de cabo a rabo) ou uma fatia de broa de milho, vou comendo à mão e, depois de comer cinco ou seis, coloco a fatia de pão no grelhador bem embebido do paladar da sardinha, faço uma torrada, em seguida fecho os olhos e delicio-me. Este momento é o ponto alto da sardinhada. Começamos outra vez, com o mesmo ritual, até estarmos satisfeitos. Se for na companhia de amigos, sou capaz de comer duas dúzias, sem parar! E nas malguinhas, um bom vinho verde tinto, ligeiramente refrescado, é a companhia perfeita. Quando faço uma sardinhada e sobram algumas sardinhas cruas, aproveito logo para as despinhar e separar a cabeça, espalmá-las e preparar a refeição do dia seguinte, uns deliciosos filetes de sardinha, que são temperados com alho e limão e são depois passados por pão ralado e fritos, na companhia dum arrozinho de feijão ou de grelos a escorrer, uma maravilha! A pesca da sardinha tem uma época de defeso em Portugal, normalmente entre o fim de Setembro e o princípio de Fevereiro, para que se possa recuperar a quantidade e qualidade do peixe e evitar a sua liquidação. Durante estes meses só há a possibilidade de comer sardinhas que tenham sido previamente congeladas, mas neste caso só ficam aceitáveis se forem congeladas em água do mar, ou pelo menos em água salgada, o que lhes vai manter a consistência. O que eu faço durante este período de tempo é deliciar-me com as fantásticas conservas de sardinha portuguesas, em azeite ou em tomate picante, de que vou fazendo vários petiscos. Façam como eu, comam sardinhas durante todo o ano.